Acoplada ao sentido de viver está a busca pela alegria. Para uma sociedade que a procura de forma errada, o sentido da vida não poderia ser diferente. Sorrimos e nos exaltamos com falsas sensações de felicidade. Sensações efêmeras.
O uso de drogas gera uma pseudo-alegria individual, que financia o tráfico e a criminalidade, marcando a tristeza na face de milhares de famílias todos os dias. O uso de bebidas de forma irresponsável, seja para desinibir, para uma frustrada tentativa de livrar-se de problemas ou para sentir por algumas horas a sensação de estar seguro e auto-suficiente, cria cidadãos marcados pela inconseqüência e inconsciência. São alegrias que nos acorrentam. Vícios que nos fazem mal à saúde e à alma.
O prazer é um pseudônimo da alegria. O consumismo é o exemplo mais comum. Aparentam-se alegres os que compram uma roupa, um carro ou uma casa. Mas é um prazer sacana: não resiste ao primeiro uso. Sendo assim, o consumismo torna-se um vício, pois precisa estar sempre sendo renovado para que gere prazer. Que alegria é essa depositada em roupas? Que gera egoísmo, impessoalidade e mobiliza o funcionamento desregrado de milhões de fábricas no mundo. Uma alegria impensada, que deixará, em lugar de memórias, alguns graus a mais na temperatura do planeta para as futuras gerações.
Passemos para um plano superior. Para Santo Agostinho, alegria é encontrar-se com Deus. A presença de Deus é notada de maneira particular. Um poeta o encontra em seus versos e inspirações. Um músico o encontra quando canta ou toca um saxofone. Podemos ver Deus nas pessoas que amamos. É por isso que estar na presença de quem gostamos nos faz alegres. É uma alegria permanente, sem a individualidade do prazer. Temos o direito de escolher: preencher-nos-emos com uma pseudo-alegria que nos corrói ou com uma alegria que nos alimenta?
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Fugaz como o vento
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