domingo, 23 de março de 2008

Cidadão Kane

Na década de 40 um filme chamado Citizen Kane ganhou o oscar de melhor roteiro original, ele falava da historia de um garoto pobre que "vencia" na vida e se tornava um dos homens mais ricos do mundo, tentando com o dinheiro suprir o que nao tivera na infancia. Talvez nao por acaso Orson Welles (diretor e ator), retratava nesse filme a busca futil e frustrante de milhoes de pessoas no mundo. Pessoas que com o tempo se tornam mais máquinas de ganhar de dinheiro que reais seres humanos. Durante nossa vida somos sempre instruidos a nos tornarmos ricos e bem-sucedidos, ninguem é preparado para as decepçoes ou para os fracassos. Por isso, quando nos deparamos com o mundo real ficamos rabugentos, infelizes e frustrados, quando nos deparamos com a realidade mediocre a qual nos vemos, e quando percebemos que nossa vida nao é um seriado de TV americano. O Cidadão Kane é apenas mais um retrato da sociedade, e todos sabem que é uma realidade mais que comum as pessoas passarem a vida se matando, seja de estudar, ou trabalhar, apenas pra poder ser mais rico ou poderoso em um futuro tão incerto, como sempre é o amanhã.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Dinheiro e felicidade: diretamente proporcionais?

A felicidade é algo indefinível para a filosofia, a arte e ciência: é muito relativa para encaixar-se em um único conceito.
Autores de livros de auto-ajuda definem a felicidade como fazer o que se gosta e estar bem consigo mesmo. Para autores como Edward De Bono e Mihaly Csikszentmihalyi, ser feliz é achar a distância certa entre o que se tem e o que se quer ter, ou seja, felicidade não é um estado alcançável, mas uma dinâmica contínua. Para os que têm fome, felicidade é comer; para os que têm frio, felicidade é o calor e para os solitários, felicidade é companhia. Muitas pessoas, porém, não admitem achar que a felicidade também está no dinheiro, simplesmente porque essa é uma visão muito materialista, em que os demais sentimentos são menosprezados. No entanto, o capitalismo no qual estamos inseridos nos tornou dependentes desse dinheiro, que muitas vezes define nossa forma de encontrar a felicidade.
Recentemente, o economista britânico Richard Layard, autor de A Ciência da Felicidade, levantou uma questão curiosa: o aumento de renda de países não foi seguido do aumento do grau de felicidade dos seus cidadãos. Isso ocorre, de acordo com ele, porque o que torna uma pessoa feliz não é o aumento da renda em si, mas o aumento em comparação aos seus colegas. Um fato curioso é a pesquisa realizada na Universidade Harvard, nos EUA, que mostrou que a maioria dos alunos preferiria receber US$ 50 000 se os outros ganhassem a metade desse valor, a receber US$ 100 000 se os outros ganhassem US$ 200 000. Ou seja, a felicidade não é proporcional à riqueza, mas esta exerce influência sobre aquela..
De acordo com a mesma pesquisa, as pessoas mais felizes não relacionam isso com a presença ou ausência de riqueza em suas vidas, mas com a quantidade de amigos que possuem. Isso significa que a felicidade é algo que é conquistado e que representa realizações, vitórias e êxitos, e que tem que estar sempre sendo reencontrada e revivida. É preciso que haja sempre novos sonhos para que tenhamos a felicidade de sua realização. Já dizia Nietzsche: “a constância dos bons resultados que conduz os homens à felicidade”.
Seja como for, felicidade é a forma particular de se perceber que a vida não passa inutilmente e que não somos tão irrelevantes frente a ela como pensamos.

terça-feira, 18 de março de 2008

Ovos e Galinhas

Qual terá surgido primeiro: o ovo ou a galinha?
Essa típica metáfora representa muitas de nossas crenças, tendo como resposta nossa forma de interpretação da vida. Para os que respondem “o ovo”, provavelmente a justificativa é que o material genético do embrião de alguma ave, encontrado no ovo, sofreu uma mutação favorável, originando a galinha, ou seja, aplica-se a teoria da evolução. Para os que respondem “a galinha”, provavelmente deve-se à crença na criação dos animais por Deus, de modo que a reprodução sucede seu surgimento.
De maneira particular, acredito que a galinha tenha vindo antes e não consigo entender o sentido da vida para aqueles que acham que tenha sido o ovo. No entanto, esse é o tipo de discussão infundada, em que se duelam crenças e provas.
Ovos e galinhas também são o assunto de um dos principais contos de Clarice Lispector, “O ovo e a galinha”, que é conhecido por sua inexatidão. A própria autora afirmou, em sua última entrevista à imprensa, que esse conto é um mistério para ela.

“O ovo é a alma da galinha. A galinha desajeitada. O ovo certo. A galinha assustada. O ovo certo. Como um projétil parado. Pois ovo é ovo no espaço. Ovo sobre azul. – Eu te amo, ovo. Eu te amo como uma coisa nem sequer sabe que ama outra coisa”.

Já foram feitas inúmeras atribuições ao sentido dos termos ovo e galinha dentro do conto: mistério e realidade, essência e ser humano, escrita e escritora, Deus e homem. As interpretações são variadas e muitas vezes com significados distantes uns dos outros. Talvez seja essa a intenção de Clarice: entendimentos individuais, cada um representando carências, alegrias, problemas e paixões.

“O ovo é o grande sacrifício da galinha. O ovo é a cruz que a galinha carrega na vida. O ovo é o sonho inatingível da galinha. A galinha ama o ovo. Ela não sabe que existe o ovo. Se soubesse que tem em si mesma o ovo, perderia o estado de galinha.”

Com sua complexidade, Clarice nos faz reler, reler e reler. E a cada leitura descobrimos a existência de novos ovos, dentro de nós, galinhas. Ovos esses de que muitas vezes nos esquecemos ou desconhecemos, não estando cometendo um erro, e sim realizando uma necessidade:

“Por devoção ao ovo, eu o esqueci. Meu necessário esquecimento. Meu interesseiro esquecimento. Pois o ovo é um esquivo. Diante de minha adoração possessiva ele poderia retrair-se e nunca mais voltar”.

Ovos e galinhas: metáforas fantásticas, questionamentos fantásticos.
E o mais fantástico: são apenas ovos e galinhas.

sábado, 15 de março de 2008

A lenda da Papisa

A Igreja é uma instituição que, desde sua origem, assume uma posição machista e de enorme preconceito contra as mulheres e, pra piorar, explicam-no com base na bíblia. A submissão a que a bíblia se refere é equivocadamente interpretada como preconceito. Isso é incoerente, pois a própria bíblia o condena.
Nas escolas, o feminino de Papa nos é citado, mas não chegam a exemplificar alguma mulher que governou a Igreja. Por incrível que pareça, pode ter existido uma papisa.
A Papisa Joana teria sido a única mulher a governar a Igreja, segundo uma lenda que circulou na Europa por muitos séculos. Porém, muitos historiadores a consideram fictícia, possivelmente originada por uma sátira anti-papal.
A lenda teve origem no final do século IX, mas outros situam o papado de Joana até dois séculos e meio antes, coincidindo com uma época de confusão na diocese de Roma. Há várias versões da história. A mais conhecida delas afirma que Joana nasceu em Mainz, na Alemanha, filha de um casal inglês que ali morava. Quando adulta, apaixonou-se por um monge e ambos mudaram-se para Roma. Para evitar o escândalo que aquela relação poderia causar, Joana passou a vestir roupas masculinas e ser conhecida como um monge chamado Johannes Angelicus. Depois, Joana conseguiu ser nomeada cardeal, quando teria ficado conhecida como João, o Inglês. Segundo as fontes, no dia 17 de Julho de 855, o papa Leão IV faleceu. João foi eleito papa por unanimidade, em virtude da sua inteligência.
Joana engravidou e conseguiu disfarçar essa gravidez, mas acabou sentindo as dores do parto em meio a uma procissão e deu à luz perante a multidão.
As versões também divergem sobre esse ponto. Para alguns ela foi amarrada em um cavalo e apedrejada até a morte. Para outros, Joana teria morrido devido a complicações no parto, enquanto os cardeais ajoelhavam-se, clamando: “Milagre, Milagre!”
Muitas controvérsias existem sobre essa história. Alguns historiadores tornaram-se partidários de sua veracidade, outros a contestaram como pura invenção. Por outro lado, céticos afirmam que não passa de um mito surgido em Constantinopla, devido ao ódio alimentado pela Igreja Ortodoxa em relação à Igreja Romana. O objetivo era a desmoralização da igreja rival.
É possível que a dita lenda seja real, afinal, os letrados da época, que eram os religiosos, eram interessados em negar a aparição escandalosa de uma mulher no trono da igreja, devido à misoginia característica da época. Uma possível evidência é o decreto que foi publicado pela corte de Roma, proibindo que se colocasse Joana no catálogo dos papas.
Para efeito de curiosidade, essa história ficou imortalizada em um mistério do Tarot, “A Papisa”, carta que representa a sabedoria, o conhecimento, intuição e a chave dos grandes mistérios. A carta retrata uma mulher que foi exceção de sua época, quando as mulheres eram privadas de conhecimento e consideradas inferiores.
Mas os tempos são outros. Felizmente.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Einstein, o homem do século XX

Hoje a famosa foto de Albert Einstein com a língua para fora completa 57 anos. Tirada em 1951, quando o físico tinha 72 anos, a foto revela, no mínimo, certa excentricidade em relação a outros físicos.
Einstein, cientista-ídolo da história da academia, saiu do anonimato com trabalhos que mudaram o rumo da física. Envolveu-se em questões políticas e sociais e, além do Prêmio Nobel e de várias referências, foi nomeado recentemente pela revista norte-americana Time o “homem do século XX”.
Einstein elaborou, entre os anos de 1905 e 1916, a teoria da relatividade, e o conceito de que “tudo é relativo”, hoje, é um jargão. Na verdade, o que ele afirmou foi que todo movimento é relativo, desde que dependesse de um referencial. Einstein se baseou em dois postulados fundamentais. O primeiro coloca a velocidade da luz como única invariante e considera-a a maior velocidade possível (300 mil km/s). Esse postulado tem resistido a vários testes feitos com a utilização de aceleradores de partículas. O segundo afirma que as leis que descrevem fenômenos físicos não podem depender do movimento do observador, ou seja, o comportamento da natureza acontece da mesma forma em todo o universo.
Einstein foi além.
Sua teoria prevê que os objetos em movimento sofram o efeito da dilatação do tempo, que pode ser maior ou menor, de acordo com a velocidade. O tempo para um objeto ou pessoa em alta velocidade passa mais lentamente do que para aqueles a baixa velocidade. Esse efeito já foi observado em testes com relógio de alta precisão colocados em aeronaves muito velozes e poderia, teoricamente, ser usado para fazer uma viagem “rumo ao futuro”. Para um astronauta que viajasse a uma velocidade de 98% da velocidade da luz, cada ano percorrido por ele corresponderia a cinco anos passados do tempo da Terra. Por exemplo, numa viagem que durasse 20 anos, ele teria viajado 20 anos em direção ao futuro, envelhecendo apenas 4 anos.
Apesar da possibilidade teórica, as dificuldades tecnológicas tornam a viagem no tempo uma realidade muito distante ou impossível. Para se ter idéia, seria necessária uma quantidade de energia superior à que dispomos em todo planeta.
As polêmicas geradas são muitas: poderíamos voltar no tempo e mudar a história? Evitar guerras, acidentes ou doenças? Presenciar fatos, revelar curas?
É incerto, mas não deixa de ser fantástico.
Quem sabe em uma dessas viagens nos deparamos com Einstein, há 57 anos atrás, com a língua pra fora? Ele não acreditaria que estaríamos lá por causa dele. Não mesmo.

Rugas são relativas

O tempo é relativamente complexo, de amplitude exasperada. Lutamos contra seus efeitos e tentamos retardar suas marcas: em vão.
De plásticas a psicólogos, de academias a dança-do-ventre. Nosso temor pela passagem do tempo chega cada vez mais precocemente, nos fazendo cultivar grandes níveis de vaidade e objetivar, mesmo que teoricamente, uma vida saudável. As empresas de comésticos, centros cirúrgicos e esteticistas não têm do que reclamar, afinal, passam por uma fase de supervalorização; alimentos naturais e academias também estão na moda: visamos ao adiamento dos efeitos dessa dimensão desconhecida.
Porém, o tempo às vezes é subestimado. Pensemos como adquiriríamos experiência ou uma mesa com a família reunida se não fosse o tempo. Precisamos de suas marcas: nossa vida só faz sentido porque ele existe, é o autor da saudade, do conhecimento e do consolo. Essa nossa preocupação poderia supervalorizar livrarias, poesias ou música clássica. Poderia também "ultravalorizar" a família e amigos, em vez de o esteticista. Basta que pensemos no tempo como um acumulador e julguemos o que merece ser acumulado. Afinal, rugas são tão relativas quanto o tempo.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Células-tronco: questão polêmica

A polêmica sobre as células-tronco embrionárias está colocando ciência e fé em campos opostos, mais uma vez.
Essas são células que possuem a capacidade de assumir a forma e função de qualquer tecido, podendo, então, produzir os tecidos perdidos em pessoas com lesões ou doenças degenerativas, curando males como Parkinson, diabetes tipo 1 e alguns tipos de câncer. A polêmica alicerça-se ao fato de que a única maneira de obtê-las é destruindo o embrião. Afinal, um embrião já é um ser humano? Há divergências sobre o conceito de vida. Os religiosos a consideram um dom de Deus e com início no momento da fecundação. Por outro lado, os cientistas a consideram um ciclo. Para um embrião que está congelado a vida acabou, enquanto que um embrião do qual são extraídas células-tronco irá preservar a vida.
Grupos religiosos consideram que a liberação da pesquisa com embriões levaria à legalização do aborto e outras práticas que ameaçam a vida, mas esquecem-se de que, na verdade, essas pesquisas serão indiscutivelmente favoráveis à cura de doenças e à evolução de inúmeros campos da medicina, representando uma continuidade do ciclo vital. Além do mais, de acordo com a Lei de Biossegurança, apenas embriões inviáveis (com deformações, por exemplo) ou congelados há mais de três anos poderiam ser usados, e somente com o consentimento dos pais. Essas células congeladas são, em grande parte das vezes, jogadas fora. Pergunta-se: onde está a preocupação com a vida nesses momentos? Pesquisas seriam mais coerentes.
Uma pesquisa feita pelo IBOPE afirma que 75% das pessoas são a favor de tais pesquisas. Por que então adiá-las? A Igreja não pode impedir que a sociedade evolua ou deixe de fazer o que julga certo. Além do mais, muitos outros países investem nas pesquisas com células-tronco, fazendo do Brasil cada vez mais atrasado e representando uma futura dependência frente a eles. Para Oliver Smithies, Prêmio Nobel de Medicina em 2007, um país que não tomar parte nas pesquisas com células-tronco embrionárias perderá a oportunidade de oferecer sua contribuição à humanidade.
Haverá sempre os prós e contras, mas devemos tratar desse assunto de maneira menos negligente. Basta imaginarmos se nossas vidas dependessem de tais estudos, como o caso de milhares de deficientes físicos, diabéticos, pessoas com câncer. Afinal, nada que nos mova mais do que nosso auto-interesse.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Violência

Diz-se que a violencia é inerente ao homem, mas há muitas controversias a respeito disso, para Jhon Locke o homem é uma tabula rasa, portanto nem bom nem mau.
A agressividade humana tambem é estudada pelos evolucionistas, e é vista como um instinto de defesa humano, como instrumento de proteção. Entretanto, atualmente, a violencia vem ocorrendo com mais frequencia e de forma gratuita. Exemplos disso são os espancamentos ocorridos no Brasil, e os casos de massacres nas escolas americanas. Estes sao resultados do preconceito e da exclusão social, algumas das causas da violencia. A banalização do mal é muito incentivada pela midia e pela sociedade, ou parafraseando Hannah Arendt, podemos dizer que a vilencia é resultante da falta de comunicação e empatia humana, as pessoas não conseguem se colocar no lugar uma da outra.
A violencia está inserida na sociedade de uma forma indissociavel, e ela nao é um mal do individuo humano, e sim do coletivo, da sociedade. Uma pessoa nao consegue ser violenta sozinha. Dessa forma cabe a nós sermos mais tolerantes e menos preconceituosos, já que somos a sociedade, e a soociedade é violenta.

Igreja x Comunismo

Em novembro do ano passado, o papa promulgou a encíclica "Salvos pela esperança", onde cita o marxismo como um mal, fazendo um paralelo entre esse e o ateísmo.
Como devemos encarar tais atitudes tomadas pela igreja catolica? Ele diz: “Precisamos fazer tudo o que podemos para superar o sofrimento, mas bani-lo do mundo não está em nosso poder (...) Somente Deus é capaz de fazer isso.” E ainda: “Um mundo que tem de criar sua própria justiça é um mundo sem esperança”. O comunismo é claramente criticado, onde deixa de ser um meio de melhorar o mundo e se torna um mal. O proprio Jesus dizia: "Viveis em comunhao", e esta comum uniao que foi pregada por marx, aqui é duramente criticada pelo papa. Aqui fica uma pergunta no ar: Porque entao Bento XVI é tão contra o comunismo? Sabemos que com a existencia deste, o estado e todas suas intituiçoes deixariam de existir, o catolicismo continuaria existindo, mas nao a igreja, igreja esta que se sustenta por meio dos males alheios, já que um mundo de paz teria bem menos necessidade de religiao.
Tento ressaltar aqui, o modo como as atitudes pontificas afetam nosso meio, e de forma alguma explicito qualquer forma de antagonismo a religiosidade em si. A religiao é algo que vem de dentro do ser humano, enquanto a igreja é uma instituição.

Fonte:
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL199272-5602,00-BENTO+XVI+CRITICA+O+ATEISMO+E+MARX.html?id=newsletterhttp://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL199272-5602,00-BENTO+XVI+CRITICA+O+ATEISMO+E+MARX.html?id=newsletter

Obrigado.