quinta-feira, 13 de março de 2008

Células-tronco: questão polêmica

A polêmica sobre as células-tronco embrionárias está colocando ciência e fé em campos opostos, mais uma vez.
Essas são células que possuem a capacidade de assumir a forma e função de qualquer tecido, podendo, então, produzir os tecidos perdidos em pessoas com lesões ou doenças degenerativas, curando males como Parkinson, diabetes tipo 1 e alguns tipos de câncer. A polêmica alicerça-se ao fato de que a única maneira de obtê-las é destruindo o embrião. Afinal, um embrião já é um ser humano? Há divergências sobre o conceito de vida. Os religiosos a consideram um dom de Deus e com início no momento da fecundação. Por outro lado, os cientistas a consideram um ciclo. Para um embrião que está congelado a vida acabou, enquanto que um embrião do qual são extraídas células-tronco irá preservar a vida.
Grupos religiosos consideram que a liberação da pesquisa com embriões levaria à legalização do aborto e outras práticas que ameaçam a vida, mas esquecem-se de que, na verdade, essas pesquisas serão indiscutivelmente favoráveis à cura de doenças e à evolução de inúmeros campos da medicina, representando uma continuidade do ciclo vital. Além do mais, de acordo com a Lei de Biossegurança, apenas embriões inviáveis (com deformações, por exemplo) ou congelados há mais de três anos poderiam ser usados, e somente com o consentimento dos pais. Essas células congeladas são, em grande parte das vezes, jogadas fora. Pergunta-se: onde está a preocupação com a vida nesses momentos? Pesquisas seriam mais coerentes.
Uma pesquisa feita pelo IBOPE afirma que 75% das pessoas são a favor de tais pesquisas. Por que então adiá-las? A Igreja não pode impedir que a sociedade evolua ou deixe de fazer o que julga certo. Além do mais, muitos outros países investem nas pesquisas com células-tronco, fazendo do Brasil cada vez mais atrasado e representando uma futura dependência frente a eles. Para Oliver Smithies, Prêmio Nobel de Medicina em 2007, um país que não tomar parte nas pesquisas com células-tronco embrionárias perderá a oportunidade de oferecer sua contribuição à humanidade.
Haverá sempre os prós e contras, mas devemos tratar desse assunto de maneira menos negligente. Basta imaginarmos se nossas vidas dependessem de tais estudos, como o caso de milhares de deficientes físicos, diabéticos, pessoas com câncer. Afinal, nada que nos mova mais do que nosso auto-interesse.

Um comentário:

  1. Muitíssimo bom seu texto ana, a argumentação e tudo mais. Além disso devemos lembrar que o feto ali pra pesquisa é fecundado em laboratorio, de certa forma nao tem "pais" e sim fornecedores de material genetico. mesmo que fosse abolida a pesquisa com celulas tronco, esses fetos ficariam lá guardados, pois não se achjariam pais pra todos...

    Lucas Tamoios

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