domingo, 27 de setembro de 2009

Eu quero pisar na linha do horizonte

Eu fui. Fui não muito longe, no que o homem contemporâneo chama de longe, mas o suficiente para eu me sentir só. Pelo menos quatrocentos quilometros de asfalto, novinho. A estrada é uma coisa tão facinante! Só aqueles que já estiveram no meio de uma, sozinhos, e distantes de tudo pelo menos 40 quilometros, sabem do que eu estou falando.
Eu fui pra uma pequena cidade da estrada real chamada Milho Verde. O lugar é muito 'exótico' - não sei se é a melhor palavra para defini-la - e muito aconchegante.

Quando eu 'vivia e morria na cidade' eu pensava que iria mochilar e esquecer da vida e dos problemas, que e outro lugar sua vida fica cem por cento diferente. Percebi que não é bem assim. Alguns problemas até se intensificam, entretanto sua perspectiva fica totalmente mudada, você sente que tem que resolver as coisas, independente do que qualquer outra pessoa possa dizer de você, e mesmo que você se sinta fraco ou deprimido, as coisas continuam no mesmo lugar.

Eu sentia que algo me faltava aqui, e lá eu tive certeza que esse algo, esse buraco, tinha sido temporariamente tampado. Mesmo sozinho, e inseguro, tive clareza e calma pra pensar, pra meditar e pra sentir. Sentir o vento, quer de um onibus ou de um carro, quer seja do alto de uma cachoeira ou numa janela empoeirada é sempre sentir a liberdade. O caminho da liberdade é interior, assim como a sensação de solidão.

Mesmo que esteja sozinho e dentro do quarto, minha liberdade e minha companhia estão do meu lado em um lápis e um caderno.

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