quarta-feira, 7 de abril de 2010

Won't get fooled again

Ouço o som do nada, o silêncio. Ele, tão surdo me faz bem, tanto que eu deveria tapar os ouvidos toda vez que alguém tentasse me empurrar alguma coisa, fosse uma revista ou uma camiseta. Eu que já fui cego, não sinto prazer em hoje ver o mundo dos adultos, ele é o mundo caótico e apocalíptico que eu criava em minhas brincadeiras de infância, e nas historias que escrevia.

Hoje eu tenho que ouvir minha mãe falar sobre os médicos que ignoram pessoas morrendo na fila do hospital porque estão atendendo seus amiguinhos das farmacêuticas. Sinto impotente, amarrado e torto. Tenho que ver banqueiros simulando joguinhos com toda a humanidade, criando dividas inexistentes e pior: ver pessoas jogando sem saber ao menos o que estão fazendo. Os preconceitos são criados e então o que antes era apenas um material para fazer tecidos, o canhamo, se torna uma 'droga mortal e destrutiva'. Não que isso interessasse o bolso dos grandes empresários, mas é que eles se preocupam demais com o bem-estar da sociedade. Palmas para eles.

Tudo vai ficando tão normal, e tão cotidiano! Dizem que as pessoas acostumam com qualquer coisa a partir de vinte um dias aproximadamente, como se acostumar em pagar por algo que é seu de direito? Como podem engaiolar, vender, engarrafar, a própria natureza? Como se tudo isso tivesse sido obra daquele que vos vende? A arrogância e estupidez é tão grande, que nos negamos a acreditar e ignorando, apenas fechamos os olhos e os ouvidos, já que o som do silêncio é tão belo.

Um comentário:

  1. Acostumar-se; conformar-se; resignar-se; enfim, uma série de verbos pronominais que, salvo raros poréns, equivalem exatamente a morrer. Mas de teorias conspiratórias, o dito "sistema", capitalizações de tudo e nada, ainda prefiro acreditar que torno meu mundo melhor corrigindo a mim, a minha consciência. Talvez me equivoque de pensar que apenas lá fora estão as feras, e não aqui tão perto, em meus pensamentos. Talvez.
    Texto bastante informal, linguagem falada e fácil, acessível.
    Hasta!

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