quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A certeza é algo que realmente me incomoda. Têm pessoas com tanta certeza das coisas, tão sábias, que eu, mesmo lendo e refletindo muito, não consigo chegar à metade da sapiencia delas. Ou são eles os cegos, ou sou eu. Não ouso dizer nem que são minhas idéias as corretas, e isso já me põe um patamar inferior com relação a essa pessoa, que retórica!

Fico a imaginar o que se passa na cabeça desses homens, o que lhes leva crer que a verdade é tão clara, eu daria meu reino para conhecer as verdades desse mundo!

Uma vida cética é muitas vezes icomoda, por outras é gratificante, viver nas incertezas nos leva a aprofundar conhecimentos, ir por mares nunca dantes navegados. Que seria de nós hoje, se alguem não tivesse duvidado da Teoria Geocentrica? Ou mesmo questionado o poder dos reis? A verdade é confortante, mas pode não ser o melhor caminho, ela nos impede de procurar. Quando a busca termina, não é porque se encontrou o que procurava, mas porque parou de procurar.
A certeza é inimiga, é inconveniente, nociva, ela nos faz parar de pensar para cultuar algo.
Os sábios não são os que sabem, mas os que buscam saber, são aqueles que olharão para esse texto e se perguntarão: Será se esse cara está mesmo certo?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

XXI

-O que você tem?
-Não sei, um incomodo, talvez pela crueza das coisas.
-Talvez se sinta acuado pela verdade, a ficção te fascina.
-Por certo o que me incomoda não é a verdade em mim, mas o que ela me gasta por dentro, a minha inspiração é roída. Ao mesmo tempo em que parece uma sede de conhecimento é também uma avidez profana.
-Consciência?
-Não... Essa eu já perdi.
-Sua doença é incurável, ela é causada pelos antídotos e remédios que se usa para tratá-la.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O cinema como prática social

É indiscutível o papel do cinema no processo da formação de opiniões do cidadão. Uma formação que pode ser alienadora, mas que se bem aproveitada pelo telespectador, pode ser uma fonte de conhecimento e cultura.
Desde a Grécia antiga, nos teatro à praça publica, até os dias de hoje, nas telonas, a mídia funciona como uma forma de protesto, ou como uma forma de incentivo cultural, veículo de comunicação e meio de informação. Por volta de quinhentos anos antes de cristo, Ésquilo criou a peça Prometeu, que além de entreter, continha forte conotação moral para a época, falando de punição dos deuses para aqueles que desobedecessem as leis divinas. Da mesma forma o cinema continua influenciando e participando da formação moral popular. Alguns filmes como “Harry Potter”, “Homem Aranha”, “O retorno do Super-Homem”, campeões de bilheteria, possuem forte teor moral, mostrando a luta de mal e bem, onde os que fazem o bem são sempre recompensados no final, da mesma forma que o teatro grego. Estes filmes, além da moral, possuem também uma grande carga cultural do seu país de origem, como é o caso de Homem Aranha e O retorno do Super-Homem, que além de mostrar a vida dos cidadãos americanos, demonstra o ideal nacionalista deles, representado pelos uniformes com as cores da bandeira, e aspectos patriotas dos próprios personagens. Outros filmes também declaram sua carga política-economica na venda do Way of life, o estilo de vida norte-americano, que foi copiado pelo mundo inteiro, representado pelo consumismo e pelo padrão conservador das estruturas familiares.
No período de guerra fria, o cinema americano funcionava como propaganda do governo, enaltecendo os feitos americanos e de suma importância para seu destaque na economia e política globalizada atual. Um exemplo claro da manipulação da historia pelo governo a fim de exaltar o patriotismo foi o filme Rambo, que mostrava os americanos como os verdadeiros heróis de guerra. O filme foi sucesso de bilheteria e fundamental para a construção da imagem americana exterior.
Dessa forma, fica explicito o importante papel do cinema, tanto na área cultural, quanto política. Um importante veículo de informação e conhecimento, e claro, uma excelente forma de entretenimento.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Hoje eu vejo as pessoas, ocupadas demais pra viver. Impacientes demais para apreciar um pôr-do-sol, e entretidas demais em ganhar dinheiro para apreciar um sorriso que não seja o seu no espelho.Esquecemo-nos que somos apenas mais matéria orgânica, podre por sinal, e somos feitos de átomos tanto quanto aquela pedra que chutei na rua. Esquecemos disso e pensamos que somos o centro do universo, e o que fazemos é pra aparecer. A vida toda sem viver, apenas existindo. E não, não é a mesma coisa.Você não é seu carro, você não e suas roupas, nem quanto tem na sua conta bancária, e você tambem não é quem pensa que é, você é quem os outros pensam que voce é, pessoas que você odeia demais, mas faz de tudo pra agradar, não por ser uma pessoa boa, mas porque quer popularidade, quer aparecer pra mostrar o ego inutil.Não fazemos a faculdade que gostamos, vamos à escola mesmo sem querer, e estamos frustrados por ter que aturar tudo isso. Somos frustrados.A televisão nos faz querer comprar, ela formula nossas cabeças. E nós deixamos. Ela fala que um dia seremos ricos, ela fala que seremos famosos: Você é?Somos marcados pelo signo da mediocridade, e a humanidade se divide em dois grupos: os que tentam apagar esse signo e os que não se importam. O Hoje, o Agora, é o momento que decidimos o que seremos. Decidimos se vamos ser mais um número, uma estatística, uma nota pregada na parede, ou se seremos alguem que é, alguem que pensa, alguem que vive.

sábado, 16 de agosto de 2008

Acendam-se as luzes

Durante séculos predominou o verbo calar-se. A maioria das pessoas não tinha noções de liberdade de expressão, sendo marcadas pela imobilidade. Com o Iluminismo, já no século XVIII, a discussão dos direitos da sociedade tornou-se habitual. A liberdade foi colocada em voga por pensadores como Voltaire, que defendia a liberdade de pensamento, e Rousseau, defensor da democracia como a melhor forma de organização social.
O sufrágio universal, base da democracia, foi conquistado após revoltas em todo o mundo, como a “Primavera dos povos”, em 1848, em que as massas populares lutavam por mudanças profundas nas leis. No Brasil, a campanha pelas “Diretas já” reuniu multidões nas ruas, numa mobilização popular rara na história do país.
Embora tenha lutado pela conquista da liberdade de voto, a sociedade subestima esse direito. Votar tornou-se, equivocadamente, escolher um representante do país, em vez de representar o alicerce de uma democracia. É imprescindível que conheçamos as leis, os projetos e candidatos, já que consciência e informação são indissociáveis. A tão reclamada consciência representa um processo que une educação e cidadania.
Passaram-se mais de dois séculos desde o Iluminismo. Alcançamos a liberdade de expressão, embora essa tenha se banalizado e perdido seu valor, e conceitos como nação e cidadania não resistiram ao século XXI. Falta-nos reacreditar na democracia de Rousseau, usufruir com responsabilidade do papel de eleitores, agora que o verbo calar-se não mais predomina.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

XII

As coisas não são como são
Elas são como parecem ser
Sem desmerecer, e sem pessimismo,
Elas são como queremos que sejam.

Importa realmente sonhar?
Se depois vão pisar no seu sonho
Sem desmerecer, e sem pessimismo,
Os sonhos são os anseios da alma.

E a esperança nascida da desgraça...
A ultima maldição da Pandora*
Talvez desmerecendo, e com muito realismo,
A esperança caleja minha alma para a tristeza.


*Referencia à mitologia grega: Caixa de Pandora

XIV (metáforas)

Um cavalo branco, uma coroa de ouro
Um crucifixo de madeira, um anel com um brasão
Uma régua, um esquadro, um cartão.

Uma foice e um martelo, a decepção,
Uma águia e uma rosa, obra de um artista sem talento,
Um título, uma promissória, uma ação.

Um rei, um bispo, um peão,
Uma pedra no sapato,
Uma fogueira de inquisição.

Um teatro, um radio, a televisão,
Sem mensagens subliminares, nem teoria da conspiração,
Apenas vampiros perdidos,
Homens sem direção.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Fugaz como o vento

Acoplada ao sentido de viver está a busca pela alegria. Para uma sociedade que a procura de forma errada, o sentido da vida não poderia ser diferente. Sorrimos e nos exaltamos com falsas sensações de felicidade. Sensações efêmeras.
O uso de drogas gera uma pseudo-alegria individual, que financia o tráfico e a criminalidade, marcando a tristeza na face de milhares de famílias todos os dias. O uso de bebidas de forma irresponsável, seja para desinibir, para uma frustrada tentativa de livrar-se de problemas ou para sentir por algumas horas a sensação de estar seguro e auto-suficiente, cria cidadãos marcados pela inconseqüência e inconsciência. São alegrias que nos acorrentam. Vícios que nos fazem mal à saúde e à alma.
O prazer é um pseudônimo da alegria. O consumismo é o exemplo mais comum. Aparentam-se alegres os que compram uma roupa, um carro ou uma casa. Mas é um prazer sacana: não resiste ao primeiro uso. Sendo assim, o consumismo torna-se um vício, pois precisa estar sempre sendo renovado para que gere prazer. Que alegria é essa depositada em roupas? Que gera egoísmo, impessoalidade e mobiliza o funcionamento desregrado de milhões de fábricas no mundo. Uma alegria impensada, que deixará, em lugar de memórias, alguns graus a mais na temperatura do planeta para as futuras gerações.
Passemos para um plano superior. Para Santo Agostinho, alegria é encontrar-se com Deus. A presença de Deus é notada de maneira particular. Um poeta o encontra em seus versos e inspirações. Um músico o encontra quando canta ou toca um saxofone. Podemos ver Deus nas pessoas que amamos. É por isso que estar na presença de quem gostamos nos faz alegres. É uma alegria permanente, sem a individualidade do prazer. Temos o direito de escolher: preencher-nos-emos com uma pseudo-alegria que nos corrói ou com uma alegria que nos alimenta?

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Por um louco Amor!

Era um fim de tarde esmorecido na cidade de Sonholândia. Há uma hora ele permanecia na Praça do Lago, sentado, olhando para a lua que encontrara no céu. Tinha nas mãos uma faca.
Chamava-se Amor. Era um homem encantador e romântico. Levantava-se todos as manhãs para ver o nascer do sol e aproveitava-o para escrever poesias. Tinha olhos pretos cor de ônix e um sorriso de uma singeleza incomum, fazendo disparar corações e arrancar suspiros por onde passava. Ah, o Amor!
Três mulheres haviam cruzado seu caminho: a Beleza, a Loucura e a Ira. Seu primeiro beijo, inesquecível, foi quando pensava que seus olhos o indicariam a mulher perfeita. Chamava-se Beleza. Prendia-o com seus olhares, acorrentava-o em seus abraços e beijos. Ela o fascinava, fazia-o perder noites de sono. Eram dois apaixonados. No entanto, a Beleza era irmã da Inveja, que insistia em disseminar a infelicidade e as mágoas. Conseguiu, mas o Amor jamais se esqueceria de sua musa. Chorava sobre os poemas que escrevia e bastava avistá-la para que a nostalgia a trouxesse de volta.
Conheceu a Ira pouco tempo depois. Era uma mulher misteriosa, de sobrancelhas e cabelos vermelho-escuros. Complexa. Enigmática. Ele era o refúgio para sua fúria, enquanto ela, o fogo que o aquecia. Aquecia-o para inspirar-se, afugentar-se. Era também o fogo de sua cama, com seus avermelhados cabelos quentes. Eram encaixes perfeitos: um a ausência do outro. Na falta de paixão, foram dois anos de amizade. Os olhares mencionados nos versos ainda eram, embora ele se tentasse enganar, da Beleza. Sua musa indelével.
Conheceu a Loucura em um show. Era a primeira mulher que se esquecera de reparar em seus olhos cor de ônix. O Amor era orgulhoso (e ainda é!). Intrigava-o que aquela desconhecida sorridente só reparasse o cantor cabeludo da banda. Nem mesmo dava-o uma chance de mostrar que seus cabelos eram muito mais bonitos. Depois de cinco cervejas beijou-a de repente. Foi o melhor beijo de sua vida. E da dela. Só depois, no segundo encontro, ela conheceria a grandiosidade de seus olhos, e ele poderia reparar aquela do beijo inspirador, que de bela tinha muito pouco ou nada.
A Loucura só se preocupava em ser feliz. Era ousada, sorridente, decidida. Não fosse sua aparência, seria uma mulher apaixonante. O tempo providenciou o que o Amor mais temia: era mais que paixão, ele passou a amá-la. Amar de corpo e alma. Desesperadamente. Mas seus próprios olhos eram seus inimigos: avistava a Beleza e desmoronava, via a Loucura e desiludia.
Ainda olhava para a lua. A passos lentos, a Loucura chegava para o encontro na Praça do Lago. Cumprimentaram-se com um sorriso. Ele a abraçou e começaram a chorar. Já haviam conversado sobre aquilo. De um lado, o homem que amava pedindo que lhe furasse os olhos. Do outro, sua mãe, a Razão, implorando para que não o fizesse. Era arriscado. Podia matá-lo ou ser presa. Mas se optasse por não o fazer, a Beleza estaria sempre no caminho do Amor e em seus versos.
Olhou fixo em seus olhos. Aqueles mesmos pelos quais há oito anos se apaixonara. Não conseguia mover-se para furá-los. Era o dilema entre Amor e Razão. Deixou-se guiar por ele, aquele que renovava sua alma todos os dias e queria sofrer para amá-la por completo. Gemendo de dor, o Amor caiu no chão. A Loucura o abraçou e, entre palavras e prantos, repetia que o amava e que jamais o abandonaria.
Desde então o Amor é cego e a Loucura o guia.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Entre ritmos e timbres

Enquanto penso na frente do computador, é a música que me inspira a escrever. Numa tarde calada, quando me distraio com o violao, a música se faz companheira, confidente, e com ela me esqueço dos meus problemas. A música nao é apenas um barulho, um ruido: é o ápice da expressão humana. É capaz de mudar a freqüencia dos nossos pensamentos, alterar nosso estado de humor. Boas letras, quando escritas no tempo certo, sao capazes de mudar uma sociedade, de criar paradigmas, de criar modas e mentalidades. Que o diga Woodstock.
A música é a poesia viva. A vida é a poesia cantada.
Passamos o dia inteiro, a vida inteira, sem saber que nosso pão e nosso circo se resumem em apenas uma melodia. Essa mesma melodia que canta nossos anseios, dores, felicidades e tristezas. É a música que toca nossos sentimentos e que une pessoas.
Talvez a solução para os males do mundo seja um pouco mais de música. Sejam quais forem as notas, timbres e ritmos.

Copos incompletos

Copo vazio.
Fixo os olhos, procurando encontrar qualquer semelhança com este dia. Só me aparecem palavras vazias, idéias e conceitos vazios. Não o vazio entre a Terra e o sol, nem o vazio da última seca. É tão abstrato quanto o completamento. Como se eu quisesse escrever um texto apenas com pontos e vírgulas ou elaborar um discurso somente com monossílabos átonos.
Notável carência. Engano. É indefinível, como se qualquer coisa ou tudo fosse nada. Um vazio que me impede de arriscar. Amedronta. Acovarda. A falta de alguém a quem ainda não fui apresentada, de um livro ainda não publicado ou de palavras inéditas, indeléveis. Um vazio apertado e pequeno, como os velhos e melhores frascos de perfumes (ou venenos): de importância relevável.
Copo metade cheio.
Não é saudade nem desilusão. É a falta do desconhecido, do que se vê além do visível. É um cheiro desviado, um olhar vedado, um sorriso evitado. Tantos “ado” martelados. É o amanhã que sempre será amanhã, o obrigado frívolo, o eu te amo dilacerado, banalizado. Eu insisto nos particípios.
O sol já se pôs. Lua crescente, em véspera de lua cheia. Um livro de química, cartas e uma luminária apagada. Só me resta escrever essas palavras secas, essas idéias pela metade, a fim de alimentar-me, preencher-me.
Copo completamente cheio. Cheio a ponto de transbordar, embora insista em aparentar-se vazio. O vazio do início, meio e fim.

Diário de um Suicida

Quando acordou naquele dia sabia que seria seu ultimo dia.
Vagueou seu olhar pelo teto algum tempo antes de se levantar. Via no teto o mofo e a tinta descascando, apartamento tão diferente do que vivera antes com sua esposa e filha. Ah, o passado! Doces e pesadas lembranças daquele tempo remoto, quando ainda tinha algum resquício de esperança, algum resquício de vida.
Desceu as escadas e atravessou a rua para poder tomar seu café da manha. Decidiu que pagaria. Talvez queria morrer pensando que não tinha dívidas, ou pelo menos não pensando nelas naquele dia. Aquele café amargo e sem doce foi o mais gostoso de sua vida, assim como aquelas rosquinhas secas de farinha.
Saiu do bar e caminhou como mais um indigente daquela grande cidade. Para os outros pouco importava como se sentia e se sua dor realmente era tanta a ponto de se matar. Naquela grande cidade não se tinha amigos, principalmente se você era apenas alguém falido e sem familia, olhando uma vitrine cheia de vestidos, com os olhos mareados de lagrimas, desejando imensamente que sua filha estivesse viva para usar um daqueles. A dor maior vinha do fato de ele ser o principal incriminado da morte de sua doce criança. Morte que levou sua esposa a se matar. Henrique ficou detido por algum tempo até que fosse liberado por falta de provas do assassinato. Para ele, pouco importava a liberdade física. Sua prisão era muito mais terrivel que qualquer cadeia. Estava preso à angustia e ao sofrimento.
Sentado no banco da praça sentia náuseas, talvez porque estivesse a um passo da morte e sabia disso. Decidiu nao almoçar e ficar apenas ali contemplando a beleza do parque, do verde e das crianças correndo atrás de um cachorro que se parecia muito com o dálmata que tivera "naqueles tempos", quando desperdiçava seus dias num escritório de engenharia, e só via sua familia num pequeno intervalo no jantar, pois logo após o jantar tinha o noticiario que nao podia perder...
Quando deu por si já era por volta de quatro da tarde. Decidiu que estava na hora de terminar com aquilo de uma vez por todas. Se esperasse um pouco mais, talvez nao tivesse coragem.
Pensou um pouco em como se mataria. Já tinha simulado a situação uma centena de vezes, entretanto o frio na barriga era cada vez mais forte conforme aproximava a hora. Não iria fazer escândalo, não queria ser salvo por nenhum metido a herói e queria fazer tudo o mais rápido possível.
Caminhou rumo à rua do seu apartamento, de cinco andares. Pularia lá de cima. Ia vagarosamente pela rua, quando um carro cinza, velho, passou muito rápido por ele e bateu duas esquinas à frente. Dele desceram dois homens com meias-calças nas cabeças e com armas apontadas para onde Henrique estava. Atrás dele uma viatura da policia parou e começou o tiroteio com os bandidos. Por instinto humano, Henrique começou a correr das balas. Uma delas, vinda de um policial, perfurou sua traquéia e fez esguichar sangue arterial de seu pescoço. Tombou já sem vida, deixando apenas mais uma reportagem na página policial do jornal local.
Para os curiosos, uma morte trágica de um inocente. Para henrique apenas a realização de seus planos. Foi enterrado como indigente. O policial, pai de duas filhas e recém formado em direito, ficou preso por mais de 10 anos. Preso por mirar em um bandido e acertar um suicida.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

O pão nosso de cada dia nos dai hoje



Fome é sinônimo de falta de liberdade. Dependência. Enganam-se os que acham que o mundo não pode produzir alimento suficiente ou que a população é muito numerosa. A teoria de Malthus já foi refutada há algum tempo. A fome é inerente à vida. A própria seleção natural explica a fome, já que os menos aptos tendem a sofrê-la, e esta é essencial para o controle das diversas populações do mundo. Não obstante, a fome está além da falta do que comer: é a mais perigosa das forças políticas.
Paradoxalmente, os países que produzem os alimentos são os primeiros a sofrer com a fome. Não tão paradoxal assim: altas dívidas externas, desigualdade social, infiltração das multinacionais, governos corruptos. São países que, em sua maioria, eram colônias dependentes e subordinadas às metrópoles. Teoricamente, não mais dependem destas, mas na prática continuam submissos a seu poder, a suas tecnologias e produtos.
A fome gera guerra. A guerra fera fome. Ambas sempre existirão. Os bolcheviques, durante a Revolução Russa, pregavam “Paz, pão e terra”, e foi assim que tiveram o apoio dos camponeses e operários na Rússia. Porém, ao adotarem a política do Comunismo de Guerra, a situação tornou-se terrível. Um quarto dos camponeses não tinha o que comer. A fome transformou as pessoas em canibais. No desespero, mães aflitas para alimentar seus filhos famintos cortavam pernas e braços de cadáveres e ferviam a carne. As pessoas se alimentavam de seus próprios parentes, em geral bebês, menos resistentes à fome e às doenças. Em circunstâncias tão extremas, perde-se a diferença entre o moral e imoral.
Em 1788, ano anterior à Revolução Francesa, a França vivia em uma situação miserável, de fome e pobreza. A procura de pão originou tumultos nas ruas, sendo necessária a atuação do exército, com o intuito de conter as revoltas que ocorriam nas longas filas em frente às padarias. Foi então que o preço do pão tornou-se proibitivo: ninguém podia pagá-lo. A cólera popular movimentou o assalto à Bastilha: em primeiro lugar com a convicção de que ali estavam armazenados cereais, necessários para aliviá-los da fome, só depois pensariam em libertar os prisioneiros e extinguir os privilégios feudais. De acordo com Eric Hobsbawm: O preço do pão registrava a temperatura política de Paris.
A fome movimenta. Revolta. Escandaliza. Assim tem sido há tempos. Guerras, revoluções, motins. 11 mil crianças morrem de fome todos os dias. Há 800 milhões de pessoas desnutridas no mundo. Essas pessoas encontram-se, para nós, submissas e imóveis. Engano. Elas estão presas, dependentes, padecendo. Estão revoltadas por dentro, mesmo que muitas não se movam. Estão gritando por comida, estão gritando por pão. Aquele mesmo pão que era o brado da multidão cartista na Inglaterra. O mesmo pãozinho francês da Revolução Francesa e que hoje é o pão nosso de cada dia.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Autores ou personagens principais?

Santo Agostinho, teólogo e pensador, influenciou o cristianismo ocidental, com a crença de que Deus existe fora do tempo e é eterno, e que fé é mais importante que razão, já que o homem necessita da fé para restaurar sua condição de pecador. Acreditava também que, como o tempo só existe dentro do universo criado, não existe futuro para Deus, por isso ele sabe de tudo que fizemos, fazemos e faremos. Assim sendo, Deus sabe exatamente se iremos para o céu ou inferno, ou seja, estamos predestinados.
Séculos depois, São Tomás de Aquino criou sua filosofia baseada em Aristóteles, de acordo com a qual o ser humano possui livre-arbítrio. Desenvolveu a tese de que o progresso humano não depende apenas da vontade divina, mas também do esforço do homem. Assim, Tomás de Aquino refutava a idéia de predestinação. Além disso, afirmava que fé e razão não são idéias contrárias, mas uma união rumo a Deus.
Afinal, somos seres predestinados? Com que critério de escolha? Aleatoriamente? Isso seria, no mínimo, injusto. Estarmos fadados quanto ao fim, desde o nascimento, torna-nos seres sem qualquer utilidade, inconseqüentes, meros personagens de um livro com final conhecido. Mas, ao mesmo tempo, não faz sentido acreditar que Deus não conheça o futuro, já que é um ser perfeito e eterno. Deparamo-nos com uma contradição. É como crer em acasos ou destinos: nossas histórias já estão escritas ou somos nós quem as escrevemos? Eis a questão: autores ou personagens principais?

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Moléculas sensíveis

Masaru Emoto, um criativo e visionário pesquisador japonês, estudou as moléculas de água e fotografou-as sob diversas circunstâncias. Com seu trabalho, ficamos munidos de evidência efetiva de que as energias vibracionais humanas, palavras, músicas e idéias alteram a estrutura molecular da água. Para um corpo formado por 60% de água, a qualidade desta define, indubitavelmente, a qualidade de vida do restante do corpo.
Emoto documentou visualmente essas mudanças moleculares por meio de suas técnicas fotográficas. Ele congelou gotas de água e examinou-as sob um microscópio de campo escuro dotado de recursos fotográficos e descobriu diferenças fascinantes nas estruturas cristalinas de fontes e condições diferentes ao redor do planeta. A nascente de água pura que jorra da montanha mostra maravilhosos desenhos geométricos em seus padrões cristalinos, enquanto águas poluídas e tóxicas das áreas industriais mostram estruturas cristalinas distorcidas.

Gelo Antártico

Lago de Biwako, lago poluído do Japão

Shimanto, considerado o último rio limpo do Japão

Emoto resolveu testar, também, os efeitos da música na estrutura da água.
Dança folclórica

Pastorais de Bethoven

Logo após, observou como a água se comporta em meio a palavras. Emoto utilizou garrafas de água destilada e colou papéis escritos por diferentes palavras, durante a noite. No outro dia pela manhã, a água foi congelada e fotografada.

"Amor"

"Obrigado"

"Eu odeio você"

É um trabalho extraordinário, que poderá mudar nossas percepções de nós mesmos. É a essência do pensamento positivo, das energias vibratórias. É grandioso que um 'eu te amo' dê novas formas às nossas moléculas de água, que um 'obrigado' melhore o funcionamento de nossas células, que determinados sons sirvam como curas. É o ponto mais brilhante que a ciência poderá desenvolver: a cura individual, a partir de palavras e timbres.
Abrace, ame, grite, cante.
Suas moléculas de água agradecem.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

O patriotismo fora de moda

É triste ter que admitir que o povo brasileiro não é nem nunca foi um povo patriota. E certo estava meu professor ao dizer que a razao disso é que no Brasil o patriotismo está fora de moda.
Quando nos exaltamos para defender a bandeira, ou mesmo para "desridicularizar" algum fato historico do Brasil, somos logo tidos como idealistas ou mesmo loucos, para poder acreditar num país como o nosso. Porque sim, o país nao tem uma historia tão ridicula. Tudo bem, pode até ser que D. Pedro estivesse com desinteria quando proclamou a independencia, e D. joão VI fosse um gordo guloso como pintado pela minissérie da globo "o quinto dos infernos", mas o D. pedro II inteligente que governou o Brasil desde os quatorze anos, o mesmo D. Pedro que enfrentou a inglaterra numa questao diplomatica (questão Christie) , nem sempre é mostrado, deixando a imagem do país cada vez pior. A midia brasileira se esforça por satirizar o nosso país, deixando sempre questoes politicas de lado, e mantendo uma tradição de comodismo na população.
Ela dita a moda, e a moda é ridicularizar com nós mesmos, e pensar sempre que os franceses ou americanos sao melhores, sua historia é mais bonita, e nos esquecemos que temos que ser nós mesmos. Já disse o proprio escritor russo Léon Tolstoi: "se queres ser universal, fale da sua aldeia", mas o brasileiro teima em falar da aldeia alheia, apenas porque está na moda.

A excluída letra "J"

O conhecimento, em geral, fascina o ser humano. É algo que instiga nossa curiosidade, amplia nosso entendimento do mundo. Falar de ressaca ou de deformações espaço-tempo: conhecer é sempre útil. No caso de uma ressaca, o álcool entra no sangue e faz com que a hipófise no cérebro bloqueie a criação da vasopressina. Sem essa substância química, os rins enviam a água diretamente para a bexiga ao invés de reabsorvê-la no organismo. Quem ingere 250 mililitros de bebida alcoólica, libera de 800 a 1000 mililitros de água, em média: uma relação de quatro vezes mais perda que ganho. Na manhã seguinte de uma bebedeira, o corpo exige o suprimento de água, geralmente manifestado por uma sensação de boca seca. Com muita liberação de íons sódio e potássio na urina, o funcionamento dos músculos e nervos é afetado, surgindo as famosas dores de cabeça, fadiga e náusea. O álcool também destrói a reserva de glicogênio no fígado, tornando o organismo fraco. Além disso, o álcool provoca a secreção de ácido clorídrico no estômago, provocando azia e perda de apetite. Ter o conhecimento do que ocorre em uma ressaca demonstra uma notável consciência por parte do bêbado. Até mesmo sua inconseqüência não é relevada, afinal, é admirável um bêbado saber do seu estado recorrendo ao ciclo de Krebs.
Situações novas incitam a famosa arte de pensar, sejam os mais insensatos ou curiosos assuntos. Exemplificando: astronautas não conseguem arrotar no espaço, já que não existe uma gravidade para separar os líquidos dos gases em seus estômagos; pessoas inteligentes têm mais cobre e zinco no cabelo; cada rei de um baralho representa um grande rei da história (espadas: Rei David; paus: Alexandre, o Grande; copas: Carlos Magno; ouros: Júlio César); em 10 minutos, um furacão libera mais energia do que todas as bombas nucleares existentes no mundo; o músculo mais potente do corpo é a língua; os olhos de um hamster podem cair se você pendurá-lo de cabeça pra baixo; o "quack" de um pato não produz eco, e ninguém sabe o porquê; a coca-cola era, originalmente, verde; comer uma maçã é mais eficiente que tomar café para se manter acordado; a letra “J” não aparece em nenhum lugar da tabela periódica dos elementos químicos. Embora inúteis, desafiam nossa crença. Eu, por exemplo, não pude deixar de pegar uma tabela periódica para conferir se não havia a letra “J”. Não havia de fato.
O conhecimento é um vício. Desde que nos é apresentado buscamo-lo nas situações mais imprevisíveis possíveis. Saber é grandioso! Aprender, ensinar, questionar. São o motivo pelo qual somos seres racionais (pelo menos teoricamente). Mesmo que utilizemo-lo para relacionar o salto de uma sandália com área e pressão ou a cor do batom com a evolução das espécies. Pensar é sempre útil. Pense nisso.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Bolas de neve

Nossas vidas se resumem a bolas de neve. São assim: tornam-se cada vez maiores conforme se movem. Cada qual com sua formação, embora redondas o bastante para se deslocarem. Neve de água, chocolate ou cerveja: isso é o que menos importa. O que importa é o que é encontrado no meio do caminho. No meio do caminho pode haver uma pedra, um buraco ou um palhaço. Estão os cacos de vidro e as penas de ganso. O que encontramos é conseqüência do caminho que escolhemos: não costumamos ver flores em campos de batalha nem dinamites em jardins.
Somos bolas de neve acostumadas com obstáculos e em todos eles parte de nós é desgastada. Vivemos lutando para alcançar as mais altas posições e, muitas vezes, nossa força não é grande o bastante para subirmos e inclui-se a isso a força da gravidade, que nos obriga a estar acima apenas do chão e torna as descidas impiedosas desilusões. Bolas de neve são fracas, sensíveis... Desmancham-se, derretem-se, basta uma queda, uma pressão maior ou uma pedra muito grande no caminho. Elas não são transparentes: ninguém consegue ter certeza do que existe dentro de uma bola de neve. Sua clareza externa não indica nada, apesar de supormos que ela também seja assim por dentro: bolas de neve sofrem preconceitos. Até seu nome é um pré-conceito, já que muitas vezes nem bolas elas são. Há aquelas quadradas a ponto de não se mexerem, ovais a ponto de apenas bambearem ou, as piores, aquelas ocas, que aparentam ser bolas, mas não passam de meros círculos.
Bolas de neve são fantásticas: são o aprimoramento do gelo. Perderam o aspecto rígido, a postura reta, a transparência. Feitas de água, chocolate ou cerveja: isso não as define como melhores ou piores. É tão relativo quanto as próprias bebidas: imagine-se tomando um copo de chocolate quente em um deserto, numa situação de sede intensa.
Somos como bolas de neve: acumuladores. Dependemos dos caminhos, das circunstâncias, das subidas e descidas. Há tantas folhas secas grudadas em nós, no lugar de flores. Há tantos cacos de vidro no lugar de isopores para amortecer. O motivo é essa nossa incapacidade de deixar os problemas para trás, de agarrarmos mais ao que realmente nos importa, ao que realmente é parte de nós. É essa a maior diferença em relação às bolas de neve: nós somos capazes de fazer escolhas, as mais variadas que sejam. Podemos escolher os desvios, as facilidades, o esconderijo. Podemos optar pelo que realmente nos convém, pela nossa real essência. No entanto preferimos, tantas vezes, ser apenas as supracitadas bolas de neve. Apenas nos acomodamos e deixamos que problemas se acumulem na mesma proporção que vitórias. E passamos a confiar nos caminhos que percorreremos, no clima e nas subidas pavorosas, passando a ser constantes os penhascos e derretimentos.
É preciso que acumulemos valores, amores e flores. E deixemos os horrores e as dores. Caso contrário, transformar-nos-emos em seres subordinados a tudo, menos a nós mesmos.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Pra não dizer que não falei das cores

À cor roxa deste dia eu dedico este texto. Cidades brasileiras sofrem com a epidemia da dengue, Montes Claros tem o maior índice de assassinatos do Brasil em relação ao número de habitantes, o aquecimento global intensifica-se e, mesmo frente a isso, falarei de mim. Atitude bege, talvez, mas nada como escrever em 1ª pessoa e amarelo. Amarelo pela tonalidade e por ser a sobreposição de vermelho e verde.
Um diário tem me feito falta. Há uma insistente necessidade de escrever todos os dias me consumindo. Escrever apenas por escrever, para que eu nem sequer releia.
Estou farta de tanta saudade, embora tenha preservado-a nos últimos dias. Saudade dos meus pais, esses mesmos para quem dou boa noite todas as noites; saudade das eternas melhores amigas que ficaram nas fotos; saudade dos cachorros que não tive, dos picolés de dez centavos, de que minha mãe penteie meu cabelo; saudade das bonecas, de Papai Noel e de vovô.

Meus dias têm se voltado para uma prova que farei neste ano e, erroneamente, venho esquecendo de viver tudo o mais. Nem mesmo sei como minha irmã esteve ontem, não reparei o último verão ou disse a algumas pessoas o quanto as amo. Orgulho, falta de tempo, insensibilidade. O que importa? Eu sei logaritmo, leis de Newton, doenças causadas por bactérias. Isso tem sido o bastante.
Assim como eu, tantas pessoas têm esquecido de viver (e têm apenas existido). Uma geração marcada pela concorrência exacerbada, pela insensibilidade dos abraços, pela frieza dos “bom dia”. Pessoas impessoais. Pessoas cinza.

Apesar disso, ainda acreditamos na velha luz no fim do túnel. Talvez por mera ingenuidade, sonhamos com o dia em que passaremos no vestibular, a partir de quando tudo será diferente. As cores serão outras, mataremos as saudades, exageraremos nos sorrisos.
Uma terrível mania de viver em função de objetivos tão incertos quanto o futuro. Mania de adiar a felicidade para dias que supostamente virão, apesar de sabermos que não há nada mais impreciso que suposições. Imaturidade ou adaptação? Exagero ou necessidade? Ainda não nos ensinaram na escola.

Insisto: à cor roxa deste dia eu dedico este texto.

domingo, 23 de março de 2008

Cidadão Kane

Na década de 40 um filme chamado Citizen Kane ganhou o oscar de melhor roteiro original, ele falava da historia de um garoto pobre que "vencia" na vida e se tornava um dos homens mais ricos do mundo, tentando com o dinheiro suprir o que nao tivera na infancia. Talvez nao por acaso Orson Welles (diretor e ator), retratava nesse filme a busca futil e frustrante de milhoes de pessoas no mundo. Pessoas que com o tempo se tornam mais máquinas de ganhar de dinheiro que reais seres humanos. Durante nossa vida somos sempre instruidos a nos tornarmos ricos e bem-sucedidos, ninguem é preparado para as decepçoes ou para os fracassos. Por isso, quando nos deparamos com o mundo real ficamos rabugentos, infelizes e frustrados, quando nos deparamos com a realidade mediocre a qual nos vemos, e quando percebemos que nossa vida nao é um seriado de TV americano. O Cidadão Kane é apenas mais um retrato da sociedade, e todos sabem que é uma realidade mais que comum as pessoas passarem a vida se matando, seja de estudar, ou trabalhar, apenas pra poder ser mais rico ou poderoso em um futuro tão incerto, como sempre é o amanhã.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Dinheiro e felicidade: diretamente proporcionais?

A felicidade é algo indefinível para a filosofia, a arte e ciência: é muito relativa para encaixar-se em um único conceito.
Autores de livros de auto-ajuda definem a felicidade como fazer o que se gosta e estar bem consigo mesmo. Para autores como Edward De Bono e Mihaly Csikszentmihalyi, ser feliz é achar a distância certa entre o que se tem e o que se quer ter, ou seja, felicidade não é um estado alcançável, mas uma dinâmica contínua. Para os que têm fome, felicidade é comer; para os que têm frio, felicidade é o calor e para os solitários, felicidade é companhia. Muitas pessoas, porém, não admitem achar que a felicidade também está no dinheiro, simplesmente porque essa é uma visão muito materialista, em que os demais sentimentos são menosprezados. No entanto, o capitalismo no qual estamos inseridos nos tornou dependentes desse dinheiro, que muitas vezes define nossa forma de encontrar a felicidade.
Recentemente, o economista britânico Richard Layard, autor de A Ciência da Felicidade, levantou uma questão curiosa: o aumento de renda de países não foi seguido do aumento do grau de felicidade dos seus cidadãos. Isso ocorre, de acordo com ele, porque o que torna uma pessoa feliz não é o aumento da renda em si, mas o aumento em comparação aos seus colegas. Um fato curioso é a pesquisa realizada na Universidade Harvard, nos EUA, que mostrou que a maioria dos alunos preferiria receber US$ 50 000 se os outros ganhassem a metade desse valor, a receber US$ 100 000 se os outros ganhassem US$ 200 000. Ou seja, a felicidade não é proporcional à riqueza, mas esta exerce influência sobre aquela..
De acordo com a mesma pesquisa, as pessoas mais felizes não relacionam isso com a presença ou ausência de riqueza em suas vidas, mas com a quantidade de amigos que possuem. Isso significa que a felicidade é algo que é conquistado e que representa realizações, vitórias e êxitos, e que tem que estar sempre sendo reencontrada e revivida. É preciso que haja sempre novos sonhos para que tenhamos a felicidade de sua realização. Já dizia Nietzsche: “a constância dos bons resultados que conduz os homens à felicidade”.
Seja como for, felicidade é a forma particular de se perceber que a vida não passa inutilmente e que não somos tão irrelevantes frente a ela como pensamos.

terça-feira, 18 de março de 2008

Ovos e Galinhas

Qual terá surgido primeiro: o ovo ou a galinha?
Essa típica metáfora representa muitas de nossas crenças, tendo como resposta nossa forma de interpretação da vida. Para os que respondem “o ovo”, provavelmente a justificativa é que o material genético do embrião de alguma ave, encontrado no ovo, sofreu uma mutação favorável, originando a galinha, ou seja, aplica-se a teoria da evolução. Para os que respondem “a galinha”, provavelmente deve-se à crença na criação dos animais por Deus, de modo que a reprodução sucede seu surgimento.
De maneira particular, acredito que a galinha tenha vindo antes e não consigo entender o sentido da vida para aqueles que acham que tenha sido o ovo. No entanto, esse é o tipo de discussão infundada, em que se duelam crenças e provas.
Ovos e galinhas também são o assunto de um dos principais contos de Clarice Lispector, “O ovo e a galinha”, que é conhecido por sua inexatidão. A própria autora afirmou, em sua última entrevista à imprensa, que esse conto é um mistério para ela.

“O ovo é a alma da galinha. A galinha desajeitada. O ovo certo. A galinha assustada. O ovo certo. Como um projétil parado. Pois ovo é ovo no espaço. Ovo sobre azul. – Eu te amo, ovo. Eu te amo como uma coisa nem sequer sabe que ama outra coisa”.

Já foram feitas inúmeras atribuições ao sentido dos termos ovo e galinha dentro do conto: mistério e realidade, essência e ser humano, escrita e escritora, Deus e homem. As interpretações são variadas e muitas vezes com significados distantes uns dos outros. Talvez seja essa a intenção de Clarice: entendimentos individuais, cada um representando carências, alegrias, problemas e paixões.

“O ovo é o grande sacrifício da galinha. O ovo é a cruz que a galinha carrega na vida. O ovo é o sonho inatingível da galinha. A galinha ama o ovo. Ela não sabe que existe o ovo. Se soubesse que tem em si mesma o ovo, perderia o estado de galinha.”

Com sua complexidade, Clarice nos faz reler, reler e reler. E a cada leitura descobrimos a existência de novos ovos, dentro de nós, galinhas. Ovos esses de que muitas vezes nos esquecemos ou desconhecemos, não estando cometendo um erro, e sim realizando uma necessidade:

“Por devoção ao ovo, eu o esqueci. Meu necessário esquecimento. Meu interesseiro esquecimento. Pois o ovo é um esquivo. Diante de minha adoração possessiva ele poderia retrair-se e nunca mais voltar”.

Ovos e galinhas: metáforas fantásticas, questionamentos fantásticos.
E o mais fantástico: são apenas ovos e galinhas.

sábado, 15 de março de 2008

A lenda da Papisa

A Igreja é uma instituição que, desde sua origem, assume uma posição machista e de enorme preconceito contra as mulheres e, pra piorar, explicam-no com base na bíblia. A submissão a que a bíblia se refere é equivocadamente interpretada como preconceito. Isso é incoerente, pois a própria bíblia o condena.
Nas escolas, o feminino de Papa nos é citado, mas não chegam a exemplificar alguma mulher que governou a Igreja. Por incrível que pareça, pode ter existido uma papisa.
A Papisa Joana teria sido a única mulher a governar a Igreja, segundo uma lenda que circulou na Europa por muitos séculos. Porém, muitos historiadores a consideram fictícia, possivelmente originada por uma sátira anti-papal.
A lenda teve origem no final do século IX, mas outros situam o papado de Joana até dois séculos e meio antes, coincidindo com uma época de confusão na diocese de Roma. Há várias versões da história. A mais conhecida delas afirma que Joana nasceu em Mainz, na Alemanha, filha de um casal inglês que ali morava. Quando adulta, apaixonou-se por um monge e ambos mudaram-se para Roma. Para evitar o escândalo que aquela relação poderia causar, Joana passou a vestir roupas masculinas e ser conhecida como um monge chamado Johannes Angelicus. Depois, Joana conseguiu ser nomeada cardeal, quando teria ficado conhecida como João, o Inglês. Segundo as fontes, no dia 17 de Julho de 855, o papa Leão IV faleceu. João foi eleito papa por unanimidade, em virtude da sua inteligência.
Joana engravidou e conseguiu disfarçar essa gravidez, mas acabou sentindo as dores do parto em meio a uma procissão e deu à luz perante a multidão.
As versões também divergem sobre esse ponto. Para alguns ela foi amarrada em um cavalo e apedrejada até a morte. Para outros, Joana teria morrido devido a complicações no parto, enquanto os cardeais ajoelhavam-se, clamando: “Milagre, Milagre!”
Muitas controvérsias existem sobre essa história. Alguns historiadores tornaram-se partidários de sua veracidade, outros a contestaram como pura invenção. Por outro lado, céticos afirmam que não passa de um mito surgido em Constantinopla, devido ao ódio alimentado pela Igreja Ortodoxa em relação à Igreja Romana. O objetivo era a desmoralização da igreja rival.
É possível que a dita lenda seja real, afinal, os letrados da época, que eram os religiosos, eram interessados em negar a aparição escandalosa de uma mulher no trono da igreja, devido à misoginia característica da época. Uma possível evidência é o decreto que foi publicado pela corte de Roma, proibindo que se colocasse Joana no catálogo dos papas.
Para efeito de curiosidade, essa história ficou imortalizada em um mistério do Tarot, “A Papisa”, carta que representa a sabedoria, o conhecimento, intuição e a chave dos grandes mistérios. A carta retrata uma mulher que foi exceção de sua época, quando as mulheres eram privadas de conhecimento e consideradas inferiores.
Mas os tempos são outros. Felizmente.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Einstein, o homem do século XX

Hoje a famosa foto de Albert Einstein com a língua para fora completa 57 anos. Tirada em 1951, quando o físico tinha 72 anos, a foto revela, no mínimo, certa excentricidade em relação a outros físicos.
Einstein, cientista-ídolo da história da academia, saiu do anonimato com trabalhos que mudaram o rumo da física. Envolveu-se em questões políticas e sociais e, além do Prêmio Nobel e de várias referências, foi nomeado recentemente pela revista norte-americana Time o “homem do século XX”.
Einstein elaborou, entre os anos de 1905 e 1916, a teoria da relatividade, e o conceito de que “tudo é relativo”, hoje, é um jargão. Na verdade, o que ele afirmou foi que todo movimento é relativo, desde que dependesse de um referencial. Einstein se baseou em dois postulados fundamentais. O primeiro coloca a velocidade da luz como única invariante e considera-a a maior velocidade possível (300 mil km/s). Esse postulado tem resistido a vários testes feitos com a utilização de aceleradores de partículas. O segundo afirma que as leis que descrevem fenômenos físicos não podem depender do movimento do observador, ou seja, o comportamento da natureza acontece da mesma forma em todo o universo.
Einstein foi além.
Sua teoria prevê que os objetos em movimento sofram o efeito da dilatação do tempo, que pode ser maior ou menor, de acordo com a velocidade. O tempo para um objeto ou pessoa em alta velocidade passa mais lentamente do que para aqueles a baixa velocidade. Esse efeito já foi observado em testes com relógio de alta precisão colocados em aeronaves muito velozes e poderia, teoricamente, ser usado para fazer uma viagem “rumo ao futuro”. Para um astronauta que viajasse a uma velocidade de 98% da velocidade da luz, cada ano percorrido por ele corresponderia a cinco anos passados do tempo da Terra. Por exemplo, numa viagem que durasse 20 anos, ele teria viajado 20 anos em direção ao futuro, envelhecendo apenas 4 anos.
Apesar da possibilidade teórica, as dificuldades tecnológicas tornam a viagem no tempo uma realidade muito distante ou impossível. Para se ter idéia, seria necessária uma quantidade de energia superior à que dispomos em todo planeta.
As polêmicas geradas são muitas: poderíamos voltar no tempo e mudar a história? Evitar guerras, acidentes ou doenças? Presenciar fatos, revelar curas?
É incerto, mas não deixa de ser fantástico.
Quem sabe em uma dessas viagens nos deparamos com Einstein, há 57 anos atrás, com a língua pra fora? Ele não acreditaria que estaríamos lá por causa dele. Não mesmo.

Rugas são relativas

O tempo é relativamente complexo, de amplitude exasperada. Lutamos contra seus efeitos e tentamos retardar suas marcas: em vão.
De plásticas a psicólogos, de academias a dança-do-ventre. Nosso temor pela passagem do tempo chega cada vez mais precocemente, nos fazendo cultivar grandes níveis de vaidade e objetivar, mesmo que teoricamente, uma vida saudável. As empresas de comésticos, centros cirúrgicos e esteticistas não têm do que reclamar, afinal, passam por uma fase de supervalorização; alimentos naturais e academias também estão na moda: visamos ao adiamento dos efeitos dessa dimensão desconhecida.
Porém, o tempo às vezes é subestimado. Pensemos como adquiriríamos experiência ou uma mesa com a família reunida se não fosse o tempo. Precisamos de suas marcas: nossa vida só faz sentido porque ele existe, é o autor da saudade, do conhecimento e do consolo. Essa nossa preocupação poderia supervalorizar livrarias, poesias ou música clássica. Poderia também "ultravalorizar" a família e amigos, em vez de o esteticista. Basta que pensemos no tempo como um acumulador e julguemos o que merece ser acumulado. Afinal, rugas são tão relativas quanto o tempo.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Células-tronco: questão polêmica

A polêmica sobre as células-tronco embrionárias está colocando ciência e fé em campos opostos, mais uma vez.
Essas são células que possuem a capacidade de assumir a forma e função de qualquer tecido, podendo, então, produzir os tecidos perdidos em pessoas com lesões ou doenças degenerativas, curando males como Parkinson, diabetes tipo 1 e alguns tipos de câncer. A polêmica alicerça-se ao fato de que a única maneira de obtê-las é destruindo o embrião. Afinal, um embrião já é um ser humano? Há divergências sobre o conceito de vida. Os religiosos a consideram um dom de Deus e com início no momento da fecundação. Por outro lado, os cientistas a consideram um ciclo. Para um embrião que está congelado a vida acabou, enquanto que um embrião do qual são extraídas células-tronco irá preservar a vida.
Grupos religiosos consideram que a liberação da pesquisa com embriões levaria à legalização do aborto e outras práticas que ameaçam a vida, mas esquecem-se de que, na verdade, essas pesquisas serão indiscutivelmente favoráveis à cura de doenças e à evolução de inúmeros campos da medicina, representando uma continuidade do ciclo vital. Além do mais, de acordo com a Lei de Biossegurança, apenas embriões inviáveis (com deformações, por exemplo) ou congelados há mais de três anos poderiam ser usados, e somente com o consentimento dos pais. Essas células congeladas são, em grande parte das vezes, jogadas fora. Pergunta-se: onde está a preocupação com a vida nesses momentos? Pesquisas seriam mais coerentes.
Uma pesquisa feita pelo IBOPE afirma que 75% das pessoas são a favor de tais pesquisas. Por que então adiá-las? A Igreja não pode impedir que a sociedade evolua ou deixe de fazer o que julga certo. Além do mais, muitos outros países investem nas pesquisas com células-tronco, fazendo do Brasil cada vez mais atrasado e representando uma futura dependência frente a eles. Para Oliver Smithies, Prêmio Nobel de Medicina em 2007, um país que não tomar parte nas pesquisas com células-tronco embrionárias perderá a oportunidade de oferecer sua contribuição à humanidade.
Haverá sempre os prós e contras, mas devemos tratar desse assunto de maneira menos negligente. Basta imaginarmos se nossas vidas dependessem de tais estudos, como o caso de milhares de deficientes físicos, diabéticos, pessoas com câncer. Afinal, nada que nos mova mais do que nosso auto-interesse.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Violência

Diz-se que a violencia é inerente ao homem, mas há muitas controversias a respeito disso, para Jhon Locke o homem é uma tabula rasa, portanto nem bom nem mau.
A agressividade humana tambem é estudada pelos evolucionistas, e é vista como um instinto de defesa humano, como instrumento de proteção. Entretanto, atualmente, a violencia vem ocorrendo com mais frequencia e de forma gratuita. Exemplos disso são os espancamentos ocorridos no Brasil, e os casos de massacres nas escolas americanas. Estes sao resultados do preconceito e da exclusão social, algumas das causas da violencia. A banalização do mal é muito incentivada pela midia e pela sociedade, ou parafraseando Hannah Arendt, podemos dizer que a vilencia é resultante da falta de comunicação e empatia humana, as pessoas não conseguem se colocar no lugar uma da outra.
A violencia está inserida na sociedade de uma forma indissociavel, e ela nao é um mal do individuo humano, e sim do coletivo, da sociedade. Uma pessoa nao consegue ser violenta sozinha. Dessa forma cabe a nós sermos mais tolerantes e menos preconceituosos, já que somos a sociedade, e a soociedade é violenta.

Igreja x Comunismo

Em novembro do ano passado, o papa promulgou a encíclica "Salvos pela esperança", onde cita o marxismo como um mal, fazendo um paralelo entre esse e o ateísmo.
Como devemos encarar tais atitudes tomadas pela igreja catolica? Ele diz: “Precisamos fazer tudo o que podemos para superar o sofrimento, mas bani-lo do mundo não está em nosso poder (...) Somente Deus é capaz de fazer isso.” E ainda: “Um mundo que tem de criar sua própria justiça é um mundo sem esperança”. O comunismo é claramente criticado, onde deixa de ser um meio de melhorar o mundo e se torna um mal. O proprio Jesus dizia: "Viveis em comunhao", e esta comum uniao que foi pregada por marx, aqui é duramente criticada pelo papa. Aqui fica uma pergunta no ar: Porque entao Bento XVI é tão contra o comunismo? Sabemos que com a existencia deste, o estado e todas suas intituiçoes deixariam de existir, o catolicismo continuaria existindo, mas nao a igreja, igreja esta que se sustenta por meio dos males alheios, já que um mundo de paz teria bem menos necessidade de religiao.
Tento ressaltar aqui, o modo como as atitudes pontificas afetam nosso meio, e de forma alguma explicito qualquer forma de antagonismo a religiosidade em si. A religiao é algo que vem de dentro do ser humano, enquanto a igreja é uma instituição.

Fonte:
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL199272-5602,00-BENTO+XVI+CRITICA+O+ATEISMO+E+MARX.html?id=newsletterhttp://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL199272-5602,00-BENTO+XVI+CRITICA+O+ATEISMO+E+MARX.html?id=newsletter

Obrigado.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Telealienação

Em todos os lugares é possivel perceber a caracteristica modeladora da sociedade que a televisao dispoe, seja no papo de buteco sobre o futebol mais cedo, ou as donas de casa discutindo sobre as novelas. Até que ponto essa caracteristica modificadora não é abusiva?
O modo qual essa alienação vem até nós é o mais sutil possivel. Vem como uma tendencia a ser seguida, um estilo de vida que nos é mostrado, ou um produto oferecido. A televisao nos torna compradores compulsivos, atingindo a meta dos patrocinadores burgueses. Seja no "way of life" mostrado por Hollywood
ou pelo novo estilo de se vestir passado pela globo na novela das 8, estamos semrpe seguindo o que nos dizem, pelo menos se somos espectadores assiduos desses programas.
E como se nao bastasse nos tornar compradores compulsivos, a televisao ainda muitas vezes nos manipula atraves das informações. A todo momento derruba presidentes e elege outros, muda opinioes, cria e destroi mitos. E todos nós, convivendo com o mundo cruel de hoje em dia, em busca apenas de mais uma forma de entretenimento, acabamos, por inocentes, nos deparando com a alienação e nos tornando apenas mais um fantoche da midia.
Somos obrigados a viver dessa maneira? Não prestamos atenção, e quando nos damos por conta, uma ideia fixa já está em nossas cabeças... agora, com licença queridos leitores, vou assistir BBB ou talvez mais algum filme Hollywoodiano, pra quem sabe um dia, eu pensar igual a maioria.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Culturas não são opiniões

Todos os dias fazemos inúmeros rituais, que são definidos a partir de cada cultura. Seria algo como o café da manha que todos os dias fazemos, festas seriam também rituais, resumindo, estamos rodeados por eles, e estes são definidos pela cultura de cada um.
No entanto, quando encontramos alguma pessoa com cultura diferente da nossa, ou ate mesmo com um jeito diferente de vestir, olhamos para essa pessoa como se ela estivesse errada. Culturas não são opiniões. Como podemos criticar os rituais e o estilo de vida das pessoas se nos mesmos temos os nossos? Se pararmos pra pensar veremos quantos hábitos estranhos temos, entretanto fazemos como se fosse a coisa mais natural do mundo, e continuamos a criticar as culturas e julgar com inferioridade pessoas diferentes. E é por isso que o mundo está assim, cheio de guerras, “apartheids” e barreiras de preconceito, por causa das diferenças nos esquecemos que a nível cultural, não existe certo e errado, apenas deveríamos respeitar e tentar aprender uns com os outros. O primeiro passo para melhorar o mundo é justamente o respeito, e é onde mais falhamos. Enquanto olharmos pro próximo como se a cultura diferente dele for apenas uma opinião divergente não teremos respeito, como se discute cultura? Quem está certo: judeus ou muçulmanos? Crentes ou ateus?
Será se é mesmo necessário ter esta resposta?

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Ah, o amor!

Falaria sobre consciência ambiental. Falaria, mas acusam-me de hipócrita. O desvio é exagerado: falarei de amor. Eu amo, tu amas, ele ama. Nós amamos? Aparentemente simples, mas indescritível, inexato, irracional. Pais e filhos, homens e mulheres... amar os faz encaixes, de uma forma tão... tão recíproca! Cientificamente falando, isso ocorre devido ao alto nível de dopamina e norepinefrina, mas sendo um mistério, amar se torna menos carnal, amar se torna divino. Nostalgia não precisa fazer sentido, saudade não acontece em vão, ciúmes é medo de perder (e não me venha com essa de que a culpa é da feniletilamina). Tão subestimado esse sentimento que rege o primeiro dos 10 testamentos de Deus. Tão medonhamente usado. O egoísmo nos habitou de tal forma que não somos mais capazes de amar a Deus sobre a todas as coisas, muito menos ao próximo como a nós mesmos. Mas pior que não amar é amar e não o fazer. É viver com amor reprimido, é deixar que o orgulho seja mais forte, é deixar que apenas o “eu te amo” baste. É ter vontade de ligar, chorar, quem sabe... mas não o fazer por covardia. Ás vezes imagino se o amor vai resistir por muito tempo, se sua essência sempre permanecerá a mesma, mas logo me pego rindo, rindo dessas bobagens. Amar, amar, amar. Não o sei definir, é vasto e vago demais. Quem diria, um verbo regular: eu amo, tu amas, ele ama. Nós amamos?